Cooperativas
financeiras e fintechs se unem para ganhar mercado
A estratégia pode ser positiva para os consumidores
Publicado
em 29/07/2018 - 14:44
Por Kelly
Oliveira - Repórter da Agência Brasil Brasília
Cooperativas financeiras e
fintechs, empresas de tecnologia no setor financeiro, estão se aproximando para
oferecer serviços no mercado de câmbio e crédito e assim conseguir ampliar o
número de clientes. A estratégia pode ser positiva para os consumidores, com
aumento da concorrência no mercado financeiro, ampliando o poder de escolha,
avaliam representantes dos setores.
A ideia é que as cooperativas e
as fintechs possam fazer integração de plataformas, com compartilhamento de
informações e dados dos clientes. “O que as fintechs querem é que, dentro dos
aplicativos, elas consigam se integrar, se conectar pelos APIs, que são esses
protocolos de comunicação seguros, para que o cliente possa abrir uma conta,
emprestar, consultar extrato ou a fatura do cartão de crédito”, disse o diretor
executivo do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) Empresas no
Rio de Janeiro, Eduardo Diniz.
No último dia 13, um encontro
fechado uniu o setor de cooperativas a 20 lideranças de inovação no setor
financeiro, além de representantes do Departamento de Organização do Sistema
Financeiro do Banco Central. “O Sicoob tem crescido 30% ao ano. Mas o sistema
cooperativo representa só 3% do setor. Nos países desenvolvidos, o sistema
cooperativo representa uma média de 25%, 30%. Vemos nessa integração com as
fintechs uma oportunidade para buscar pelo menos dois dígitos de participação
no mercado financeiro e propiciar um ambiente para as fintechs poderem crescer.
Em um ambiente extremamente regulatório, o Banco Central é muito firme, precisa
de apoio de instituições financeiras para poder crescer”, afirmou Diniz.
O diretor da Associação
Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Bernardo Pascowitch, avalia que o contato
com as cooperativas é uma forma de ampliar a atuação das empresas de inovação.
“As cooperativas estão em contato diretamente com trabalhadores e com a
população de diferentes aspectos, classes sociais e atividades econômicas.
Hoje, o grande desafio é atingir a população brasileira, é levar todas as
soluções das fintechs para essa população”, disse Pascowitch.
Atualmente, a ABFintechs tem
cerca de 350 associadas e estima que esse número corresponda a 85% dessas
empresas do Brasil. A maioria delas atua no segmento de meios de pagamento
(23%) e cartão de crédito (18%).
Eduardo Diniz afirmou que, no
encontro com as fintechs, foram discutidos negócios como no mercado de câmbio.
“O Sicoob está buscando junto ao Banco Central autorização para operar câmbio.
Queremos estrear no mercado com uma solução integrada com uma fintech que já tem
conhecimento e tecnologia. É uma fintech que faz cotação com diversas casas de
câmbio”, disse.
Outro negócio que pode ser
fechado entre as cooperativas e as fintechs é compartilhar uma plataforma que
permite fazer simulação e contratação de crédito consignado. “Por essa
parceria, o cliente vai conseguir fazer tudo online, com contrato
assinado digitalmente. Vamos fazer um projeto-piloto com funcionários de um
supermercado”, contou Diniz.
Atualmente instituições de
pagamento, que podem oferecer serviços como cartões pré-pagos, cartões de
crédito, cartões de vale-refeição e credenciar lojistas para aceitarem meios de
pagamento eletrônico, quando não são regulados pelo BC, precisam fazer parceria
com instituição financeira para atuar no mercado. Atualmente, a maioria das
instituições de pagamento não é regulada pelo BC: 112. Sete são reguladas. Para
serem reguladas, as empresas precisam movimentar a partir de R$ 500 milhões por
ano e passar por um processo de autorização do Banco Central.
Neste ano, o Conselho Monetário
Nacional (CMN) editou norma que permite dois modelos para fintechs operarem,
sem necessidade de parceria com instituição financeira, no mercado de crédito.
São a sociedade de crédito direto (SCD) e a sociedade de empréstimo entre
pessoas (SEP). No primeiro sistema, as empresas emprestam recursos próprios por
meio de plataforma eletrônica. No segundo, empresas ou pessoas físicas entram
numa plataforma para emprestar dinheiro a outras pessoas, modalidade conhecida
como peer-to-peer lending.
“No caso das fintechs de
investimento e de câmbio, ainda é necessária a existência de parceria com uma
instituição financeira. Com as cooperativas, ampliamos a possibilidade de
parcerias para as fintechs”, destacou Bernardo Pascowitch.
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Edição: Juliana
Andrade
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