domingo, 26 de abril de 2015

A agonia de Parauapebas, capital mundial do minério de ferro

Parauapebas é um caso de paciente terminal

FALÊNCIA MÚLTIPLA DE ÓRGÃOS
Como uma cidade promissora perde o amanha.




O impasse na Câmara dos Vereadores de Parauapebas parece não ter fim. Enquanto esperamos os órgãos de controle social aportarem nesta cidade, assistimos diariamente um jogo surreal, maluco, inconformante.

Depois do factoide de afastamento do prefeito e seu enfrentamento a Câmara, dividindo-a, lançando seus pares contra outros, temos agora o envio sistemático de projetos e leis e um grupo contra o outro – a população no meio.
Optou-se por um perde-perde e seguimos em frente. A produção da mina de ferro de Carajás continua a todo vapor. Mas sua mercadoria antes vendida a 120 dólares a tonelada caiu para menos de 60 dólares. A massa de trabalhadores que antes compravam de tudo, desapareceu há dois anos e não tem bilhete de volta. A cada dia vemos mais e mais amigos partirem.
Os investimentos entraram em decadência. Todas as obras iniciadas pela prefeitura em 2014 se encontram paradas. A receita  publica estagnou e decai desde agosto 2013. O cenário é tão preocupante que tememos pelo orçamento da saúde e da educação. Os gastos mal feitos comprometem a própria existência do desenvolvimento alcançado ate então.

O desemprego é a constante. Trabalhadores renitentes deslocam-se até Canaã. O S11D, um projeto que a VALE já deveria ter parado, continua nos sonhos de quem não quer partir: tem seus lotes, casas e familiares estabelecidas e enraizadas aqui. Ainda apegados a uma possível permanência numa terra que foi prometida. Logo verão que não há mais trabalho para todos. Ali é apenas indicação cerrada.  Não há uma demanda para tantos trabalhadores. Muitos voltam desiludidos. Outros voltam revoltados.
Os crimes violentos tornam-se recorrentes. É normal em fins de semana ou feriados prolongados, ocorrerem de seis a oito mortes terríveis. Trânsito e acertos de contas. A policia, naturalmente corrupta e naturalmente incompetente nada pode fazer e nem sabe o que fazer. Não  há preventiva, inteligência, nada. Semana passada prenderam dois rapazes negros de 16 e 19 anos com sete pedras de crack.  Prendeu o mais velho por trafico. Imaginem, mesmo com as orientações de Brasília, 7 pedras ser trafico é um absurdo, com 19 anos, negro e pobre. Como pode ser traficante. Mas esta preso, cumpre o “flagrante”. Quando digo falta de inteligência nesta crise, falo da cela, a comida, a conta de água e luz com mais este pobre ali contido apenas aumenta a demanda por mais verbas publicas.

Assim, as empresas loteadoras – as incorporadoras que fizeram o que quiseram para ampliar a área urbana – começam a jogar a toalha e demitir. A Buriti ordenou corte de 80% do seu pessoal. A VALE mineradora enfrentou uma paralização de três dias. Suas reduções e cortes incomodam seus funcionários, recordistas de produção e produtividade.

As grandes lojas estão vazias. Grandes supermercados e lojas – ainda acreditando em premissas e estudos falsos sobre a cidade aportam aqui para perderem dinheiro e se decepcionarem. Não há mais vida saudável em Parauapebas.
Enquanto isto, prefeito e vereadores fazem seu jogo de morte: inviabilizam o futuro e a possível solução para a cidade, enquanto é tempo. Parecem não entender que enfrentamos uma crise terminal. Sem médicos, remédios ou possibilidade de tratamento. Quem viver, verá.